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sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

Montagem do Estúdio de Bateria - Sala Gene Krupa


Montagem do estúdio de bateria

Quando você decide tocar um instrumento de percussão que gera bastante volume de som, tem que ter em mente quais são as suas necessidade com o uso da bateria, no caso aqui apresentado.
Ou seja, quais são os seus objetivos tocando bateria?
É apenas por lazer, diversão, ou no caso como trabalho?
Aí você decide ser um baterista profissional e logo precisará de um espaço para tocar, estudar seu instrumento de maneira que o deixe confortável sem se preocupar se os vizinhos ou algum parente seu fique maluco com o som da bateria.
E então? Onde você quer chegar?

Bom,definido isso é hora de avaliar os princípios básicos antes de sair montando a sua sala de bateria.
Veja só:

1)   O local escolhido tem espaço suficiente para montar a sua bateria e permitir a sua mobilidade na sala?
2)   O local é bem ventilado, ou vai precisar de um ar condicionado?
3)   A sala fica num prédio de apartamentos ou numa casa térrea?
4)   A sala escolhida tem algum cômodo ao lado que possa incomodar alguém, tipo um quarto, sala de estar ou jantar? Pois se tiver é melhor esquecer esta ideia.
5)   Quantas horas por dia ou semana você vai precisar para usar a sala e será dentro do horário permitido por lei?
6)   O estúdio é só para você tocar sozinho ou também para ensaiar com uma banda por exemplo?
7)   O espaço escolhido está em boas condições para instalar um estúdio ou precisa de reparos contra infiltração de água, trocar fiação elétrica, ou se tem rachaduras nas paredes,etc...

E aí? Ainda tá afim de fazer um estúdio? Hehehe.

Talvez você desista ou vá em frente e leve em consideração tudo isso que eu escrevi acima e também há coisas que possam surgir que não estão neste texto.
Mas digamos que é isso mesmo que você quer e já tem o lugar definido e sabe das suas necessidades com o instrumento. Portanto, antes de sair comprando um monte de material sem saber pra que serve e onde usar, saiba primeiro alguns fundamentos básicos sobre o som e acústica.

Som

O som é uma forma de energia que se propaga como compressão mecânica ou como onda longitudinal, tanto no ar como na água.
No ar o som se propaga a 340m/s e na água a 1450m/s. É lógico que não vamos construir um estúdio dentro de uma piscina, né?

Acústica

Uma bateria gera mais ou menos uns 116hz de ruído, o equivalente a um motor de caminhão ligado. O bumbo é o principal emissor de sons mais graves e por isso é o mais complicado de controlar o seu vazamento de som de uma sala acusticamente projetada.
Os pratos e a caixa são responsáveis pelas frequências mais altas, ou agudas, mas são um pouco mais fáceis de controlar. Tudo depende de um bom uso e aplicação do material absortivo e isolante.
Por exemplo: de nada adianta isolar bem as paredes com um bom material se o chão e o teto forem deixados com o que não é isolante e nem absortivo. Muito pelo contrário,bastante reflexivo gerando mais volume interno, ou aquela bendita REVERBERAÇÃOÃOAÕAÕ!!!! Pisos de cerâmica por exemplo. Experimente tocar bateria dentro do banheiro pra você ver?

Quando se projeta uma sala acústica, deve-se pensar no som como se ele fosse água em um recipiente. Qualquer furo provocaria o seu vazamento. Mas, como eu disse no começo, tudo depende dos seus propósitos. Se for para se isolar do resto da humanidade é só construir um bunker a 20 metros sob o solo.

Abaixo mostro a lista de material e ferramentas que comprei e usei para fazer a sala Gene Krupa:

Material de Construção para Estúdio 2016
Quantidade Valor
Chapas de OSB 1,20x2,20m 2 65,8
Sarrafo Saligna 4 metros cada 4 31,92
Espumas Acústicas 35mmx50mmx50mm 60 499,3
Buchas/Parafusos 6mm 30 23,07
Veda Fresta 1 23,9
Parafusos 5x40 50 13,29
Tapetes de EVA EVA 1x1x10mm 8 168,6
Carpete cinza 6x2m 95,88
Placas de OSB 1,20x2,20 OSB 1,22X2,20 2,20 8mm 10 365
Ripa de Pinus 2,5m 20 36




Pafusos 5mmx30mm   200 25,2
Parafusos 5x40 e chave de fenda Philips 100+1 60,8








Disjuntor 25A 1 44,2




Ripa de Pinus 2,5m 20 36
Placas de OSB 1,20x2,20 4 179,6
Parafusos/Buchas 400 53,15
Instalação elétrica 360
Instalação ar condicionado 190
Parafusos 5x50 200 13,8
 


Parafusos 5x30mm 200 18,5




Cola de Contato 2,85L 1 44
Velcro Adesivado 50mm 4m 30
Velcro Adesivado 25mm 2m 7
Piso Borracha Moeda 50x50 2 11,8




Placas de Isopor 50x50cm 48 147+22,9frete
Lã de Vidro 15m2 110+30 Frete
Fita adesiva dupla face 3m 2m 19,75
Cola Branca 1litro 3 83,52
Ripa de Pinus 2,5m 20 60
Isopor 20mm 100x50 24 75
Parafusos 5x60 100 15,15
Parfusos 5x4,5 20 13,5
Drywall Instalação 12,40m 800
Lã de Vidro 15m2 146,69
Placas de Drywall 1,20x1,8 4 95,6
Perfil de Aço Montante 3m Montante 3m 5 58,95
Perfil Guia de Aço 3m 2 10,09




Massa Junta p/Drywall 15kg 35,9
Parafuso 25x3,5 p/Drywall 1000 25,9
Fita para juntas branca 150m 15,69
Fita para isolamento preta 70mm 30m 66,9




Cola Branca 1litro 2 55,68
Parafuso Metat/Meta 4,5x13mm 100 16,18
Parafusos 40mm + Tinta Spray Azul + 50 buchas 69,38
Fita para isolamento preta 70mm 1 66,9
Tinta Spray 350ml 1 26,9
Tinta Spray 400ml 1 17,39
Tinta Spray 400ml 2 23,44




Bastante coisa né?


Bom, você também pode ver a montagem neste vídeo abaixo:


















sexta-feira, 17 de abril de 2015

Papo de Baterista - Os 40 rudimentos


O tambor teve na sua origem milenar, também usado como instrumento de exércitos em campos de batalha, a função de dar ritmo as marchas das tropas e sinais auditivos para que as mesmas se movimentassem de forma ordenada sem se perderem em meio ao caos de um campo de batalha. Para tanto, foi se convencionando batidas específicas que transmitiam esta intenção. Provavelmente cada exército correspondente a sua civilização, mantinha os seus padrões de toques no tambor, ou especificamente, os seus rudimentos fundamentais.



Pois bem, provavelmente você já deve ter assistido algum filme épico onde os soldados marchavam para o campo de batalha ao som de tambores marcantes, como por exemplo, Moisés, Cleópatra, Coração Valente, Gladiador, enfim, muitos retratam o comportamento das antigas civilizações ao longo da história.
Foram os suíços em 1386 a documentar o uso de tambores e pífaros em campanhas militares.
Em 1812 foi publicado o manual de percussão de autoria de  Charles Stewart Ashworth “A New, Useful and Complete System of Drum-Beating” usando pela primeira vez o termo rudimento.
Jonh Philip Sousa que era da marinha dos EUA escreveu o livro que foi referência para muitos percussionista até a virada do próximo século “A Book of Instruction for the Field-Trumpet and Drum.” de 1880.
E com o advento da bateria como instrumento musical, foram surgindo novos materiais de estudo para este instrumento, aumentando assim o interesse das fábricas como a Ludwig Drum Company publicando o livro de Sanford Moeller o famoso "The Moeller Book" em 1918.


Por aí você já percebe que o negócio começou a ficar mais sério, porque conforme aumentava a procura pelo instrumento, por orquestras, grupos pequenos, a indústria do entretenimento foi assimilando o que se produzia de material artístico e atraindo aqueles que desejavam investir em cultura, tanto no editorial como na fabricação de instrumentos. Ou seja, uma coisa foi levando a outra. Assim que se promove o mercado musical.
Logo depois em 1932 é criada a National Association of Rudimental Drummers ou NARD que permaneceu na ativa até 1978 e a Percussive Arts Society passou a ser o órgão encarregado pelos rudimentos de percussão.

Então vamos lá. Os 40 rudimentos são divididos em quatro famílias: I- Roll Rudiments que incluem os Single Strokes Roll , Bounce Roll e Double Strokes Roll ; II - Diddle Rudiments ; III - Flam Rudiments ; IV - Drag Rudiments.



A intenção de criar esses grupos de rudimentos foi para padronizar uma sequência de movimentos de estudos para as mãos favorecendo o desenvolvimento técnico e musical do praticante. Com certeza existem muitas possibilidades de organizar os grupos rítimicos, agrupando-os em mistos ou híbridos. Mas o fundamental, ou melhor, os rudimentos básicos estão catalogados desta maneira.




Bons estudos.



domingo, 8 de março de 2015

Mulheres Bateristas

É engraçado, mas por incrível que pareça, ainda tem muita gente que pensa que mulheres não tocam bateria, pois consideram ser um instrumento somente para homens, exigindo muita força física para tocar a bateria. E não conseguem conceber uma mulher assumindo a posição atrás dos tambores em um palco.
Ledo engano. Desde praticamente os primórdios da criação deste instrumento, muitas mulheres tocaram e ainda continuam mantendo essa posição na música. Um belo exemplo de pioneirismo feminino na bateria é Viola Smith, uma baterista americana que começou sua carreira no início da década de 1920 junto com suas irmãs na orquestra irmãs Schimidt, onde seu pai era o fundador e empresário da orquestra.
Conhecida como a mulher Gene Krupa, em referência ao grande baterista que influenciou gerações de bateristas pelo mundo. Viola tocou em programas de rádio, participou de um filme de Abbott & Costtelo, nos anos 60 em Cabaret, uma produção cinematográfica e participando de algumas canjas com Bille Holliday. Nascida em 29/11/ 1912 ainda viva com quase 103 anos!!! Tocar bateria ajuda a viver mais, hehehe.

Viola Smith



Outro belo exemplo de mulher tocando bateria é a grande professora e instrumentista Lilian Carmona, brasileira que começou a tocar este instrumento em 1965 aos 11 anos de idade ganhando sua primeira bateria dos seus pais.
Uma grande carreira com instrumentista e professora. Estudou na conceituada Berklee College of Music de Boston, Massachusetts, EUA. Tocou com grandes nomes da música como Baden Powel, Phil Wilson, Leny Andrade, Toquinho, Nana Cayme, Jane Duboc, Nara Leão, Gal Costa, na Orquestra Jazz Sinfônica e muito mais.
Dona de uma técnica primorosa ensinou muitos bateristas do Brasil, inclusive este que escreve estas linhas num curso de leitura rítmica avançada e coordenação motora.
Em 2011 formou a sua Big Band com 10 músicos que chegou a gravar um especial para a TV Sesc.
Uma de suas frases é " a técnica sempre a favor da música e nunca ao contrário ".


Não poderia deixar de fala de outro grande ícone de bateria pilotada por uma mulher como Vera Figueiredo. Começou estudando piano aos 8 anos de idade no Conservatório Musical Santa Cecília
em São Paulo e aos 16 anos iniciou seus estudos na bateria com Rubens Barsoti ( Zimbo Trio) na escola CLAM ( Centro Livre de Aprendizagem Musical ) e depois percussão erudita na Escola Municipal de Música de São Paulo. Referência agora no mercado musical, Vera continua desenvolvendo seus trabalhos e parcerias a todo vapor hoje em dia em deversos festivais de música, baterista principal do programa Altas Horas de Serginho Groisman, do do Instituto de Bateira Vera Figueiredo (IBVF) em 1990, Batuka! Brasil International Drum Fest, lançou seu tereceiro álbum Vera Cruz Island como instrumentista e compositora, lançou uma série de vídeo aulas sobre Ritmos Afro-Brasileiros & Afro-Cubanos, e os 40 Rudimentos, isso e muito mais. Hoje em dia participa também como colaboradora de revista Modern Drummer Brasil.

Vera Figueiredo

Além destas grandes bateristas, temos também outras heroínas das baquetas que atuam continuamente no cenário musical nacional e internacional. Talvez uma de minhas preferidas é Emmanuelle Caplette canadense dona de uma técnica incrível, carisma e bom humor ao tocar este incrível instrumento, onde desde de maio de 2013 acompanha o ex-guitarrista do The Police, Andy Summers na banda Circa Zero.
No Youtube há vários vídeos com suas performances, vale a pena dar uma olhada.


Aqui no Brasil muitas mulheres tem se destacado bastante no cenário musical na bateria, praticamente o mito de que mulher não toca bateria vêm desaparecendo cada vez mais, o que é uma coisa óbvia. Bateristas como Lucy Peart, Nina Pará, Lary Durante, Julie Sousa e muito mais.
Particularmente já tive muitas alunas de bateria ao longo desses vinte e cinco anos como professor de bateria e é sempre muito gratificante ver uma mulher se interessar pelo universo baterístico e se destacar tanto quanto qualquer marmanjo na bateria.

Até a próxima postagem!

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

A História do Rock Brasileiro - Parte II Rock Brasileiro dos anos 80

A transição para um novo tipo de governo liberal democrático só viria acontecer a partir de meados dos anos 80. De acordo com a pesquisa feita por Essinger, antes disso, o cenário musical da MPB de FM reinava apesar de relativa abertura política. O rock manifestava-se com o pop rock “água com açúcar” de Guilherme Arantes, Marina, Ney Matogrosso, Angela Rô Rô, 14 Bis, Beto Guedes, Eduardo Dusek, Baby Consuelo, Pepeu Gomes, A Cor do Som e Rádio Táxi.


Enquanto isso na Europa e nos EUA surgia o movimento New Wave substituindo o rock pesado de gerações anteriores. Vale lembrar que naquela época as novidades musicais internacionais, chegavam somente pela distribuição das gravadoras e da televisão, jornal e revistas. Não havia esta ferramenta poderosa de comunicação do século XXI que é a Internet .
E começaram a surgir novos grupos influenciados por esta cultura de mídia. O discotecário e jornalista Júlio Barroso funda a banda Gang 90 e as Absurdetes, fazendo sucesso no Festival MPB Shell 1981 com o reggae Perdidos na Selva parodiando os filmes B em suas letras. 

Outro exemplo de originalidade surgiu com Asdrubal Trouxe o Trombone, grupo teatral carioca que satirizava os excessos de seriedade da MPB. De seus participantes, Evandro Mesquita e Lobão (baterista, ex-Vímana) formam a Blitz com influências teatrais. O nome veio devido às constantes blitz que sofriam da polícia. A banda tinha o apoio das vocalistas Márcia Bulcão e Fernanda Abreu, caindo no gosto popular e atingindo as paradas de sucesso. Lobão não concordava com a direção comercial do grupo e abandonou a banda.


Lobão e Cazuza


A Blitz virava fenômeno nacional com as canções Você Não Soube Me Amar, Nada,nada, nada...,Bete Frígida e outros. Aproveitando o embalo Lobão lança seu disco Cena de Cinema, tornando-se depois um dos mais ativos compositores do cenário do rock brasileiro, gravando seus discos Ronaldo foi pra Guerra, O Rock Errou e Vida Bandida.
Aparece então Eduardo Dusek com seu rock deboche de Cantando no Banheiro, no estilo rock anos 50. A banda João Penca & Seus Miquinhos Amestrados, segue a mesma fórmula de Dusek. Outro ex-integrante do Vímana, Lulu Santos, lança-se com o sucesso do seu disco Tempos Modernos. O Barão Vermelho decola com Cazuza no vocal em Pro dia Nascer Feliz. Até então todos estes novos ídolos vindos do Rio de Janeiro iriam dividir espaço com as novas bandas surgidas nos movimentos Punks de São Paulo como Inocentes, Ratos de Porão, Cólera e Olho Seco.
Como as grandes gravadoras tinham suas sedes no Rio de Janeiro, começaram a investir nas bandas de São Paulo a partir de 1983, como Titãs, Magazine, Ira!, Ultraje a Rigor. Vindos de Brasília, mas morando no Rio, os Paralamas do Sucesso, trazia suas influências do ska, reggae do trio britânico     Police, conseguindo emplacar vários sucessos como Meu Erro, Óculos, Vital e Sua Moto.

Em 1985, aconteceria um dos maiores festivais que marcaria história, o Rock In Rio Festival. Em um terreno na Barra da Tijuca (RJ) de 300 mil metros quadrados com uma estrutura gigantesca de palco com 70 mil watts de som, 100 toneladas de equipamentos, 3500 kVA e a presença de bandas internacionais de renome como Queen, Yes, Ozzy Osbourne, Iron Maiden, Scorpions, Rod Stewart e outros, ao lado de bandas nacionais: Blitz, Barão Vermelho, Lulu Santos, Paralamas do Sucesso e Kid Abelha. Tal evento seria aproveitado pelo mercado cultural, pois o Festival foi transmitido ao vivo pela Rede Globo de Televisão. Logo, a divulgação de produtos ao público jovem seria em massa. Afinal neste ano comemorava-se o ano internacional da juventude.
Rock in Rio 1985
No mesmo ano o Legião Urbana, grupo liderado por Renato Russo, do Distrito Federal, marcaria sua história também, com suas letras políticas mostrando a realidade social brasileira.

Outras importantes bandas que viriam de Brasília também seriam Capital Inicial, Plebe Rude, Finnis Africae e Detrito Federal. Em São Paulo durante a segunda década dos anos 80 chegariam os grupos Camisa de Vênus e RPM. E apareceria um novo tipo de mercado: o alternativo ou underground, que eram lançados pelo selo independente Baratos & Afins, cuja loja de discos existe até hoje no centro da cidade de São Paulo. Lançou artistas como Musak, Akira S & As Garotas que Erraram, Chance e Ness, Mercenárias, Smaack, Voluntários da Pátria e outros.
Do sul do país viriam os representantes do rock gaúcho Engenheiros do Hawai, Replicantes tocando punk-hardcore com a música Surfista Calhorda. O ano de 1986 foi um sucesso para as gravadoras devido à breve estabilidade econômica do Plano Cruzado. Venderam-se discos de bandas de rock como nunca. Contratavam qualquer banda com influências roqueiras. Outros que já vinham demonstrando saúde comercial em anos anteriores. Lançavam discos que viravam clássicos da MPB como Cabeça Dinossauro (Titãs), Que país é este (Legião Urbana), Selvagem (Paralamas do Sucesso) e no ano seguinte, Lobão com seu disco Vida Bandida, refletindo sua experiência após ter ficado preso na Polinter  do Rio de Janeiro por posse de drogas, e Ultraje a Rigor com o disco Sexo.
Legião Urbana

Ultraje a Rigor


Mas a partir de 1988, o Rock entraria em crise. O Legião Urbana vive um episódio fatídico em um de seus shows no Estádio Mané Garrincha em Brasília, quando um deficiente mental agrediu Renato Russo no palco e a polícia reagiu contra a platéia, deixando um saldo de 385 feridos. Após este incidente o baixista da banda, Negrete, abandona o grupo.
As gravadoras se mantinham pela venda dos discos lançados nos anos anteriores dos outros grupos. No dia 7 de julho de 1989 morria Cazuza, vítima do vírus da Aids. Alguns meses depois Raul Seixas, na pobreza e sem reconhecimento, também faleceria. Enfim o Rock encerrava mais uma fase. (Essinger: 1999). 

Geração MTV

Este último sub-capítulo, teve como referência o autor Silvio Essinger que segundo ele com a estréia da MTV no Brasil em 1990, o canal de vídeo clipes americano inunda as TVs brasileiras através de transmissão em UHF. A sua programação direcionava mais atenção aos artistas internacionais de língua inglesa. Junto com a MTV, o Plano Collor do Presidente do Brasil Fernando Collor de Melo, causa a redução industrial e comercial em todas as atividades. Este acontecimento histórico na vida dos brasileiros, que acreditaram na nova esperança política presidencial, não foi rejeitada pelos olhares atentos das novas bandas do começo dos anos 90, bandas com um gênero mais agressivo e pesado do punck-hardcore, como a Ratos de Porão, com o polêmico João Gordo no comando dos vocais usando um português irreconhecível.

Na linha do trash metal internacional, o Sepultura alcançaria seu sucesso no exterior, logo outras bandas tentariam o mesmo caminho sem muita repercussão.
Vindos de gênero bem mais leve o Skank, de Belo Horizonte, conseguiu espaço na mídia após gravar seu primeiro cd com a gravadora Sony – esta que se interessou pelo trabalho após reconhecer o retorno que a banda conseguia com seu disco independente em Minas Gerais a tal ponto que a gravadora não alterou nada do disco, estando nos moldes do gosto dos produtores – em 1992 gravam seu CD pela Sony.

De Recife surgiria uma das mais conceituadas inovações no Rock brasileiro, Chico Science & Nação Zumbi & Mundo Livre S/A. que misturavam o ritmo do maracatu com rock e o rap.
Assim nascia o movimento. Mangue Beat. A idéia do nome veio de um manifesto escrito por Fred 04 e Renato L – Caranguejo com Cérebro – em 1993 foram contratados pela Sony: Chico Science & Nação Zumbi. O Mundo Livre S/A assinou com o selo Banguela Discos dos Titãs. Desta maneira, abriram as portas para outros grupos do gênero como Mestre Ambrósio, Cascalho, Sheik Tosado e outros.


Chico Science & Nação Zumbi atingiram respeito e admiração da mídia e da crítica. Em 1995 fizeram uma turnê pela Europa tocando junto com os Paralamas do Sucesso. No ano seguinte lançaram o CD que virou clássico: Afrociberdélia, com a participação de Gilberto Gil na faixa Macô. E tiveram seu primeiro sucesso nacional com a música Maracatu Atômico dos compositores Jorge Mautner e Nelson Jacobina.
No dia 2 de dezembro de 1997, Chico Science morre num acidente de carro em Recife. Esta perda afetou de maneira emocional a banda e o movimento, que superando a tragédia, continua até hoje.

O gênero do Rap se fundiria cada vez mais com o Rock, com o aparecimento de Gabriel Pensador e suas letras inteligentes e bem humoradas. O Planet Hemp também apareceu no mesmo rastro, com Marcelo D2 e BNegão, fazendo polêmica sobre a liberação da maconha. E outra banda de Brasília com influências do punk-rock dos Ramones e o baião de duplo sentido – os Raimundos.
Mas o sucesso comercial dos anos 90 veio de Guarulhos, São Paulo, quebrando recordes de vendas chegando a mais de dois milhões de CDs vendidos. Os Mamonas Assassinas com o carismático vocalista Dinho, conquistaram o público brasileiro de maneira meteórica, pois em 2 de março de 1996, morreram em um acidente de avião na Serra da Cantareira, em São Paulo.

Oito meses depois o público brasileiro teria outra despedida: Renato Russo faleceria devido ao vírus da Aids. O mercado do rock consegue se manter com alguns veteranos da década passada como os Paralamas, Lulu Santos, Titãs, Kid Abelha, Barão Vermelho, Capital Inicial. Todos eles graças à nova fórmula desenvolvida pela indústria cultural, o Acústico MTV. E a volta do interesse pelos ritmos brasileiros com o Pop Rock ressurge com artistas da MPB também.  Foram eles: Paulinho Moska, Pedro Luís e a Parede, Lenine, Chico César e Zéca Baleiro. De Minas Gerais viriam mais dois representantes, Jota Quest e Pato Fu. Fazendo a fusão do Reggae, Funk, Rock e Hip- hop, temos os cariocas do Rappa.

No ano seguinte apareceriam novas bandas como o Charlie Brown Jr., com seu skate-rock e Los Hermanos com a balada romântica que tocou nas rádios intensamente: Ana Júlia. A partir desta data, Autoramas e Penélope seriam as mais novatas bandas no mercado do Rock. Enquanto isso Lobão se levantaria das cinzas lançando seu disco em bancas de jornal e na internet, com seu selo Universo Paralelo o álbum A Vida é Doce. (Essinger: 1999).

Século XXI: Banalização e falta de criatividade

No ano 2000 o cenário do Rock viria a conhecer bandas como o Tihuana lançando seu CD com o nome ilegal junto com a faixa Tropa de Elite. Lançando seu CD independente, temos a banda Leela. Vindos de Barueri em São Paulo, temos  o CPM 22 foi a banda de maior sucesso, naquele começo de século, do cenário roqueiro. Outra banda carioca foi os Detonautas em 2002. Sendo a primeira banda a gravar um vídeo clipe no celular.
Adimirável Chip Novo é o nome do álbum de lançamento de Pitty, cantora de rock pesado estreando no mercado musical brasileiro com influência que vão desde Raul Seixas a Heavy Metal. A baiana Pitty de é a líder do grupo, já com o segundo CD lançado em 2005 – Anacrônico.


Atualmente o Rock brasileiro vive certa estagnação, com repetições de várias fórmulas desgastadas de sucesso imediato que ainda trilham os modelos de exportação dos Estados Unidos e Inglaterra de comportamento juvenil, como por exemplo, o movimento Emo, derivado da palavra inglesa “emotion”, sem criatividade e bastante apelo visual. Um dos seus representantes marcaram bem as paradas de sucesso das rádios brasileiras é o NX Zero, evidenciando mais uma vez, como sempre, a manipulação dos produtores gananciosos das gravadoras, pouco interessada em qualidade musical, sustentando cada vez mais a distância da realidade musical popular brasileira de qualidade das grandes massas. 

Outras banda se destacaram bastante no rock brasileiro obtendo uma projeção internacional, como é o caso do Angra com seu heavy metal progressivo, embora cantando letras em inglês.

O Oficina G3 do mercado musical gospel se destaca bastante com sua pegada mais virtuosística dando bastante enfase a qualidade instrumental.


Até a próxima com mais novidades em meu blog.

Alê de Nina

Referências bibliograficas e de internet:
TINHORÃO, JOSÉ - A Historia Social da Música Popular Brasileira
ESSINGER, SILVIO. A História do Rock Brasileiro, 1955 a 2000, disponível em: <http://www.cliquemusic.com.br>.Acesso em: 31 mar. 2008.






quarta-feira, 17 de setembro de 2014

A História do Rock Brasileiro - Parte I

Para compreender a origem do Rock Brasileiro, devemos voltar às influências ocorridas nas rádios e cinemas brasileiros na década de 1940 durante a II Guerra Mundial e posteriormente a este fato histórico até o final da década de 1950.
A opinião de alguns autores sobre a política econômica dos EUA de ampliar o seu alcance de maneira global, mesmo antes do conflito armado mundial da década de 40, viu no cinema e no rádio um modo eficiente de exportar o estilo ideal de vida da classe média democrática americana para os demais países latinos americanos e europeus. Na América Latina, a indústria cultural americana produzia artistas do meio musical que tocavam ritmos latinos como rumba, mambo, bolero, chá-chá-chás, para conquistar os ouvintes dos países vizinhos, concorrendo diretamente com os músicos nativos desses países como: Perez Prado, Trio Los Panchos, Nora Morales, etc. A intenção logo recebeu o nome de Política da Boa Vizinhança com os países aliados dos EUA, pois afinal de contas, tratavas se de um assunto de segurança nacional e não só econômica dos norte-americanos, para a sobrevivência do seu estilo de vida. (Tinhorão:1998).


A partir de 1950, houve um crescimento na população dos Estados Unidos, recorde num período de 15 anos, trazendo junto um novo tipo de consumidor que seria o público jovem, até então desprezado para os olhares dos publicitários. Esse mercado emergente trouxe à tona, um novo fenômeno musical de identificação que foi o Rock´n Roll, de origem no Rhythm and Blues dos negros americanos. O Rock tinha os elementos necessários para uma nova geração que não se conformava como a hipocrisia conservadora do estilo ideal de vida dos lares de classe média. (Tinhorão:1998).


A batida forte e agitada com letras que falavam de rebeldia, sexo e romances platônicos, era o prato ideal à uma geração que queria ser ouvida naquele mundo à sombra da guerra fria.
 Conforme nos diz Essinger, no Brasil o fenômeno do Rock´n Roll surge em 1.955 com a música Rock Around the Clock de “Bill Halley and His Comets”. Conseqüentemente, acompanhando o embalo, Hollywood exportava o filme Sementes da Violência (Black Board Jungle) para as telas brasileiras. Definitivamente as rádios de todo o país começaram a tocar este novo estilo musical para a alegria das gravadoras americanas que viam seus investimentos crescerem nos dígitos bancários. Logo, os empresários brasileiros seguiram o mapa da mina, lançando a versão em português da música, tocada por Bill Halley and His Comets, chamado Ronda das Horas, cantada por Nora Ney pela gravadora Continental, abrindo as portas para as novas imitações de estilo americano como os grupos brasileiros Os Cometas, Louis Oliveira and Friends, Cauby Peixoto gravando o disco com o nome Rock and Roll em Copacabana, Celly e Tony Campello com o sucesso Estúpido Cúpido e Banho de Lua em 1958, e Sergio Murilo com a música Broto Legal, tornando-se assim, os novos ídolos tupiniquins da geração jovem. (Essinger:1999).

Nora Ney

Celly & Tony Campello


Este sucesso de assimilação do Rock pelos brasileiros, segundo Tinhorão, deve-se também a um dos fatores que contribuíram a este processo que foi, a imigração de famílias do interior dos estados do sudeste para as cidades grandes, como São Paulo e Rio de Janeiro. Os filhos destas famílias não tinham vínculo cultural das tradições do interior das cidades de origem de seus pais. O que facilitava o interesse pelo estilo de vida dos jovens de classe média, exportado pelos filmes americanos. Portanto a maioria dos jovens desejava viver como pessoas da cidade grande desenvolvida. (Tinhorão:1998).

Após o mundo conhecer os novos ídolos da década de 50 como Elvis Presley, Paul Anka, Neil Sedaka, Pat Boone e outros, o começo dos anos 60 viria trazer um novo ícone da música jovem mundial, na forma de quatro rapazes de Liverpool: o grupo inglês Beatles. Com influências de Chuck Berry e Mudy Walters, estes rapazes britânicos revolucionaram o conceito de ídolos, trazendo uma leva mundial de fãs a ouvirem suas músicas antológicas como  Shes Loves You, It´s a Hard Days Nigth,Twist and Shout, influenciando a nova geração de músicos no Brasil. Entre estes estaria Roberto Carlos e Erasmo Carlos. Mas antes de falarmos dos ídolos da Jovem Guarda, lembremo-nos do movimento promovido por outra dupla: Caetano Veloso e Gilberto Gil, com o Tropicalismo. Influenciados pelo rock dos Beatles e a bossa nova de João Gilberto, queriam resgatar a música brasileira, afastada das rádios pela invasão da música estrangeira e dar uma nova roupagem com características próprias, assim como a Bossa Nova revolucionou a MPB.

Assimilando as guitarras do Rock´n Roll, os tropicalistas queriam misturar os ritmos e tradições brasileiras aos novos conceitos de música moderna de 1960. Diferentes dos cantores da Jovem Guarda tinham uma posição altamente consciente dos fatores político-sociais que aconteciam no Brasil e no mundo. Era uma geração de jovens intelectualizados, formado por jornalistas, filósofos, políticos e artistas vindos dos movimentos estudantis como a UNE (União Nacional dos Estudantes).
Na Jovem Guarda se destacava o grande ídolo do movimento, o cantor Roberto Carlos ( heheheh...são tantas emoções bicho) com suas músicas que eram tentativas de reprodução do rock do Beatles, com letras simples, sem apelo político-social nenhum.
Esta aparição do ídolo da Jovem Guarda, caiu como uma luva para os interesses dos militares e da indústria, pois o novo ídolo trazia os estereótipos fabricados pela indústria cultural, para os jovens não contaminados pela influência comunista no país. A maior afirmação disto se deu no lançamento de seu quarto disco Roberto Carlos Canta para a Juventude.
E o maior público do cantor era em São Paulo, maior centro econômico do país, onde se situavam as indústrias internacionais.
A sorte dos militares não poderia estar melhor naquele momento, quando em 1965 a proibição da transmissão dos jogos de futebol direto dos estádios nas tardes de domingo, favoreceu o aparecimento de uma nova programação para preencher o espaço vazio nas tardes de domingo da televisão brasileira, o programa Jovem Guarda, apresentado por Roberto Carlos, destinado ao público jovem consumidor. (Tinhorão:1998).
 



A incorporação dos instrumentos elétricos característicos do rock americano, como a guitarra, o contra-baixo e teclados, na música jovem do final dos anos 60, favoreceu a indústria destes instrumentos e dos equipamentos eletrônicos de amplificação de som. Por este motivo, ficou fácil a assimilação da indústria, na adesão do Rock como fonte de lucros a partir de 1970. Graças à Jovem Guarda e aos Tropicalistas, o Rock´n Roll domina os meios de comunicação.
A partir de 1970, sem dúvida a banda que teve a maior contribuição para o rock brasileiro foi os Mutantes. É imprescindível falar do começo desta década e não citar este grupo que abriu as portas para muitos outros.
Apresentados ao público da televisão por Ronnie Von em seu programa na TV Redord, O Pequeno Mundo de Ronnie Von em 1967. O grupo formado por Arnaldo Baptista, Sérgio Baptista e Rita Lee, chamado de O’Seis, passa a se chamar  Os Mutantes, por sugestão de Ronnie Von. E posteriormente, no mesmo ano, são convidados por Gilberto Gil para gravarem a música Bom Dia, levando então a banda a tocar com Gil no III Festival da Canção da TV Record com a música Domingo no Parque conquistando o segundo lugar.  Mais tarde envolvem-se com os tropicalistas, como citado anteriormente, acompanhando Caetano Veloso e Gilberto Gil no polêmico festival de 1968. E neste mesmo ano lançam seu primeiro LP, Os Mutantes, influenciados pelos Beatles e com arranjos de Rogério Duprat, motivo pelo qual até hoje, o consideram criador do Tropicalismo. Chegaram a tocar também na França durante o mesmo ano.
Com muito mais pscicodelia, tocam no IV Festival da Canção de 1969 com a música Ando Meio Desligado e então começam a se afastar mais do Tropicalismo, indo abraçar definitivamente o rock. Chegam a gravar um disco em inglês na Europa, deixando-o na gaveta até ser lançado em 1999.
A Rede Globo em 1971 se interessa pelo grupo para apresentá-lo em seu programa Som Livre Exportação, mas desistem após alguns programas. No ano seguinte lançam outro disco Mutantes e Seus Cometas no País dos Baruets.
Sofrendo influência de grupos ingleses como Emerson, Lake & Palmer e Yes. Mas em 1972, Rita Lee deixa os Mutantes e parte para carreira solo no ano seguinte. Depois disso os Mutantes continuam sem Arnaldo Baptista após seu quadro agravar-se pelo uso demasiado de drogas. Em 1978 a banda termina em um show em Ribeirão Preto, São Paulo, para 200 pessoas.

Os Mutantes

Outra figura importante deste período, que não devemos deixar de citar, é Raul Seixas, que trazia influências de Elvis Presley , Luís Gonzaga e do esoterismo também, gravando músicas com o parceiro Paulo Coelho, como Gita, Ouro de Tolo, Metamorfose Ambulante e Maluco Beleza.
Festival de Águas Claras 1975

Muitas outras bandas também se destacaram como Secos & Molhados e Os Novos Baianos explorando cada vez mais as idéias de fusão da Tropicália. Outras bandas de som mais pesado como Made in Brazil, Patrulha do Espaço, Bicho da Seda, A Bolha e outras mais para o Rock Progressivo, como O Terço, Vímana, Som Imaginário que tinham também as influências rurais de Sá, Rodrix & Guarabira e do Joelho de Porco com o seu pré-Punk Rock.

Esta fase rica do rock brasileiro teve os seus dias contados com a chegada do novo fenômeno mercadológico – a Discoteca - em 1977, junto com o filme de Hollywood Os Embalos de Sábado a Noite.

Este texto é uma pequena copilação de alguns trechos do meu trabalho de conclusão de curso de 2008 na Faculdade Mozarteum de São Paulo.

Referências bibliograficas e de internet:
TINHORÃO, JOSÉ - A Historia Social da Música Popular Brasileira
ESSINGER, SILVIO. A História do Rock Brasileiro, 1955 a 2000, disponível em: <http://www.cliquemusic.com.br>.Acesso em: 31 mar. 2008.

Até a próxima com a continuação desta história na Parte II.

Alê de Nina