Enquanto isso na
Europa e nos EUA surgia o movimento New
Wave substituindo o rock pesado de gerações anteriores. Vale lembrar que
naquela época as novidades musicais internacionais, chegavam somente pela
distribuição das gravadoras e da televisão, jornal e revistas. Não havia esta
ferramenta poderosa de comunicação do século XXI que é a Internet .
E começaram a
surgir novos grupos influenciados por esta cultura de mídia. O discotecário e
jornalista Júlio Barroso funda a banda Gang 90 e as Absurdetes, fazendo sucesso no Festival MPB Shell 1981 com o reggae Perdidos na Selva parodiando os filmes B em suas letras.
Outro
exemplo de originalidade surgiu com Asdrubal Trouxe o Trombone, grupo teatral
carioca que satirizava os excessos de seriedade da MPB. De seus participantes, Evandro
Mesquita e Lobão (baterista, ex-Vímana)
formam a Blitz com influências teatrais. O nome veio devido às constantes blitz
que sofriam da polícia. A banda tinha o apoio das vocalistas Márcia Bulcão e
Fernanda Abreu, caindo no gosto popular e atingindo as paradas de sucesso. Lobão
não concordava com a direção comercial do grupo e abandonou a banda.
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Lobão e Cazuza |
A Blitz
virava fenômeno nacional com as canções Você
Não Soube Me Amar, Nada,nada, nada...,Bete Frígida e outros. Aproveitando o
embalo Lobão lança seu disco Cena de
Cinema, tornando-se depois um dos mais ativos compositores do cenário do rock
brasileiro, gravando seus discos Ronaldo
foi pra Guerra, O Rock Errou e Vida Bandida.
Aparece então Eduardo
Dusek com seu rock deboche de Cantando no
Banheiro, no estilo rock anos 50. A banda João Penca & Seus Miquinhos
Amestrados, segue a mesma fórmula de Dusek. Outro ex-integrante do Vímana, Lulu Santos, lança-se com o sucesso do seu
disco Tempos Modernos. O Barão Vermelho decola com Cazuza no vocal em Pro dia Nascer Feliz. Até então todos
estes novos ídolos vindos do Rio de Janeiro iriam dividir espaço com as novas
bandas surgidas nos movimentos Punks
de São Paulo como Inocentes, Ratos de
Porão, Cólera e Olho Seco.
Como as grandes
gravadoras tinham suas sedes no Rio de Janeiro, começaram a investir nas bandas
de São Paulo a partir de 1983, como Titãs,
Magazine, Ira!, Ultraje a Rigor.
Vindos de Brasília, mas morando no Rio, os Paralamas do Sucesso, trazia suas
influências do ska, reggae do trio britânico Police, conseguindo emplacar vários
sucessos como Meu Erro, Óculos, Vital e
Sua Moto.
Em 1985,
aconteceria um dos maiores festivais que marcaria história, o Rock In Rio
Festival. Em um terreno na Barra da Tijuca (RJ) de 300 mil metros quadrados com
uma estrutura gigantesca de palco com 70 mil watts de som, 100 toneladas de
equipamentos, 3500 kVA e a presença de bandas internacionais de renome como Queen,
Yes, Ozzy Osbourne, Iron Maiden, Scorpions, Rod Stewart e outros, ao lado de
bandas nacionais: Blitz, Barão Vermelho, Lulu Santos, Paralamas do Sucesso e
Kid Abelha. Tal evento seria aproveitado pelo mercado cultural, pois o Festival
foi transmitido ao vivo pela Rede Globo de Televisão. Logo, a divulgação de
produtos ao público jovem seria em massa. Afinal neste ano comemorava-se o ano
internacional da juventude.
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Rock in Rio 1985 |
No mesmo ano o Legião
Urbana, grupo liderado por Renato Russo, do
Distrito Federal, marcaria sua história também, com suas letras políticas
mostrando a realidade social brasileira.
Outras importantes
bandas que viriam de Brasília também seriam Capital Inicial, Plebe Rude, Finnis
Africae e Detrito Federal. Em São
Paulo durante a segunda década dos anos 80 chegariam os grupos Camisa de Vênus
e RPM. E apareceria um novo tipo de mercado: o alternativo ou underground, que
eram lançados pelo selo independente Baratos & Afins, cuja loja de discos
existe até hoje no centro da cidade de São Paulo. Lançou artistas como Musak, Akira S & As Garotas que Erraram,
Chance e Ness, Mercenárias, Smaack, Voluntários da Pátria e outros.
Do sul do país
viriam os representantes do rock gaúcho Engenheiros do Hawai, Replicantes
tocando punk-hardcore com a música Surfista Calhorda. O ano de 1986 foi um
sucesso para as gravadoras devido à breve estabilidade econômica do Plano
Cruzado. Venderam-se discos de bandas de rock como nunca. Contratavam qualquer
banda com influências roqueiras. Outros que já vinham demonstrando saúde
comercial em anos anteriores. Lançavam discos que viravam clássicos da MPB como
Cabeça Dinossauro (Titãs), Que
país é este (Legião Urbana), Selvagem (Paralamas do Sucesso) e no
ano seguinte, Lobão com seu disco Vida
Bandida, refletindo sua experiência após ter ficado preso na Polinter do Rio de Janeiro por posse de drogas, e Ultraje
a Rigor com o disco Sexo.
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Legião Urbana |
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Ultraje a Rigor |
Mas a partir de 1988,
o Rock entraria em crise. O Legião Urbana vive um episódio fatídico em um de
seus shows no Estádio Mané Garrincha em Brasília, quando um deficiente mental
agrediu Renato Russo no palco e a polícia reagiu contra a platéia, deixando um
saldo de 385 feridos. Após este incidente o baixista da banda, Negrete,
abandona o grupo.
As gravadoras se
mantinham pela venda dos discos lançados nos anos anteriores dos outros grupos.
No dia 7 de julho de 1989 morria Cazuza,
vítima do vírus da Aids. Alguns meses depois Raul Seixas, na pobreza e sem reconhecimento, também faleceria. Enfim o Rock
encerrava mais uma fase. (Essinger: 1999).
Geração MTV
Este último
sub-capítulo, teve como referência o autor Silvio Essinger que segundo ele com
a estréia da MTV no Brasil em 1990, o canal de vídeo clipes americano inunda as
TVs brasileiras através de transmissão em UHF. A sua programação direcionava
mais atenção aos artistas internacionais de língua inglesa. Junto com a MTV, o
Plano Collor do Presidente do Brasil Fernando Collor de Melo, causa a redução
industrial e comercial em todas as atividades. Este acontecimento histórico na
vida dos brasileiros, que acreditaram na nova esperança política presidencial,
não foi rejeitada pelos olhares atentos das novas bandas do começo dos anos 90,
bandas com um gênero mais agressivo e pesado do punck-hardcore, como a Ratos de
Porão, com o polêmico João Gordo no
comando dos vocais usando um português irreconhecível.
Na linha do trash
metal internacional, o Sepultura alcançaria seu sucesso no exterior, logo outras
bandas tentariam o mesmo caminho sem muita repercussão.
Vindos de gênero
bem mais leve o Skank, de Belo
Horizonte, conseguiu espaço na mídia após gravar seu primeiro cd com a
gravadora Sony – esta que se interessou pelo trabalho após reconhecer o retorno
que a banda conseguia com seu disco independente em Minas Gerais a tal ponto
que a gravadora não alterou nada do disco, estando nos moldes do gosto dos
produtores – em 1992 gravam seu CD pela Sony.
De Recife surgiria
uma das mais conceituadas inovações no Rock brasileiro, Chico Science &
Nação Zumbi & Mundo Livre S/A. que misturavam o ritmo do maracatu com rock
e o rap.
Assim nascia o movimento.
Mangue Beat. A idéia do nome veio de um manifesto escrito por Fred 04 e Renato
L – Caranguejo com Cérebro – em 1993
foram contratados pela Sony: Chico Science & Nação Zumbi. O Mundo Livre S/A assinou com o selo Banguela Discos dos Titãs. Desta
maneira, abriram as portas para outros grupos do gênero como Mestre Ambrósio, Cascalho, Sheik Tosado e outros.
Chico Science
& Nação Zumbi atingiram respeito e admiração da mídia e da crítica. Em 1995
fizeram uma turnê pela Europa tocando junto com os Paralamas do Sucesso. No ano seguinte lançaram o CD que
virou clássico: Afrociberdélia, com a
participação de Gilberto Gil na faixa Macô. E tiveram seu primeiro sucesso
nacional com a música Maracatu Atômico dos compositores Jorge Mautner e Nelson
Jacobina.
No dia 2 de
dezembro de 1997, Chico Science morre num acidente de carro em Recife. Esta
perda afetou de maneira emocional a banda e o movimento, que superando a
tragédia, continua até hoje.
O gênero do Rap se
fundiria cada vez mais com o Rock, com o aparecimento de Gabriel Pensador e
suas letras inteligentes e bem humoradas. O Planet Hemp também apareceu no
mesmo rastro, com Marcelo D2 e BNegão, fazendo polêmica sobre a liberação da
maconha. E outra banda de Brasília com influências do punk-rock dos Ramones e o
baião de duplo sentido – os Raimundos.
Mas o sucesso
comercial dos anos 90 veio de Guarulhos, São Paulo, quebrando recordes de
vendas chegando a mais de dois milhões de CDs vendidos. Os Mamonas Assassinas com o carismático vocalista Dinho,
conquistaram o público brasileiro de maneira meteórica, pois em 2 de março de
1996, morreram em um acidente de avião na Serra da Cantareira, em São Paulo.
Oito meses depois
o público brasileiro teria outra despedida: Renato Russo faleceria devido ao
vírus da Aids. O mercado do rock consegue se manter com alguns veteranos da
década passada como os Paralamas, Lulu Santos,
Titãs, Kid Abelha, Barão Vermelho, Capital Inicial. Todos eles graças à nova
fórmula desenvolvida pela indústria cultural, o Acústico MTV. E a volta do
interesse pelos ritmos brasileiros com o Pop Rock ressurge com artistas da MPB
também. Foram eles: Paulinho Moska,
Pedro Luís e a Parede, Lenine, Chico César e Zéca Baleiro. De Minas Gerais
viriam mais dois representantes, Jota Quest e Pato Fu. Fazendo a fusão do
Reggae, Funk, Rock e Hip- hop, temos os cariocas do Rappa.
No ano seguinte
apareceriam novas bandas como o Charlie Brown Jr., com seu skate-rock e Los
Hermanos com a balada romântica que tocou nas rádios intensamente: Ana Júlia. A
partir desta data, Autoramas e Penélope seriam
as mais novatas bandas no mercado do Rock. Enquanto isso Lobão se levantaria
das cinzas lançando seu disco em bancas de jornal e na internet, com seu selo Universo
Paralelo o álbum A Vida é Doce.
(Essinger: 1999).
Século XXI: Banalização e falta de
criatividade
No ano 2000 o
cenário do Rock viria a conhecer bandas como o Tihuana lançando seu CD com o nome ilegal junto com a faixa Tropa de Elite. Lançando seu CD
independente, temos a banda Leela. Vindos de Barueri em São Paulo, temos o CPM 22 foi a banda de maior
sucesso, naquele começo de século, do cenário roqueiro. Outra banda carioca foi os Detonautas em 2002.
Sendo a primeira banda a gravar um vídeo clipe no celular.
Adimirável Chip Novo é o nome do álbum de lançamento de Pitty,
cantora de rock pesado estreando no mercado musical brasileiro com influência que
vão desde Raul Seixas a Heavy Metal. A baiana Pitty de é a líder do grupo, já com o segundo CD lançado
em 2005 – Anacrônico.
Atualmente o Rock
brasileiro vive certa estagnação, com repetições de várias fórmulas desgastadas
de sucesso imediato que ainda trilham os modelos de exportação dos Estados
Unidos e Inglaterra de comportamento juvenil, como por exemplo, o movimento Emo, derivado da palavra inglesa “emotion”,
sem criatividade e bastante apelo visual. Um dos seus representantes marcaram bem as paradas de sucesso das rádios brasileiras é o NX Zero, evidenciando mais
uma vez, como sempre, a manipulação dos produtores gananciosos das gravadoras,
pouco interessada em qualidade musical, sustentando cada vez mais a distância
da realidade musical popular brasileira de qualidade das grandes massas.
Outras banda se destacaram bastante no rock brasileiro obtendo uma projeção internacional, como é o caso do Angra com seu heavy metal progressivo, embora cantando letras em inglês.
O Oficina G3 do mercado musical gospel se destaca bastante com sua pegada mais virtuosística dando bastante enfase a qualidade instrumental.
Até a próxima com mais novidades em meu blog.
Alê de Nina
Referências bibliograficas e de internet:
TINHORÃO, JOSÉ - A Historia Social da Música Popular Brasileira
ESSINGER, SILVIO. A História do Rock Brasileiro, 1955 a 2000, disponível em: <http://www.cliquemusic.com.br>.Acesso em: 31 mar. 2008.
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