Total de visualizações de página

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

A História do Rock Brasileiro - Parte II Rock Brasileiro dos anos 80

A transição para um novo tipo de governo liberal democrático só viria acontecer a partir de meados dos anos 80. De acordo com a pesquisa feita por Essinger, antes disso, o cenário musical da MPB de FM reinava apesar de relativa abertura política. O rock manifestava-se com o pop rock “água com açúcar” de Guilherme Arantes, Marina, Ney Matogrosso, Angela Rô Rô, 14 Bis, Beto Guedes, Eduardo Dusek, Baby Consuelo, Pepeu Gomes, A Cor do Som e Rádio Táxi.


Enquanto isso na Europa e nos EUA surgia o movimento New Wave substituindo o rock pesado de gerações anteriores. Vale lembrar que naquela época as novidades musicais internacionais, chegavam somente pela distribuição das gravadoras e da televisão, jornal e revistas. Não havia esta ferramenta poderosa de comunicação do século XXI que é a Internet .
E começaram a surgir novos grupos influenciados por esta cultura de mídia. O discotecário e jornalista Júlio Barroso funda a banda Gang 90 e as Absurdetes, fazendo sucesso no Festival MPB Shell 1981 com o reggae Perdidos na Selva parodiando os filmes B em suas letras. 

Outro exemplo de originalidade surgiu com Asdrubal Trouxe o Trombone, grupo teatral carioca que satirizava os excessos de seriedade da MPB. De seus participantes, Evandro Mesquita e Lobão (baterista, ex-Vímana) formam a Blitz com influências teatrais. O nome veio devido às constantes blitz que sofriam da polícia. A banda tinha o apoio das vocalistas Márcia Bulcão e Fernanda Abreu, caindo no gosto popular e atingindo as paradas de sucesso. Lobão não concordava com a direção comercial do grupo e abandonou a banda.


Lobão e Cazuza


A Blitz virava fenômeno nacional com as canções Você Não Soube Me Amar, Nada,nada, nada...,Bete Frígida e outros. Aproveitando o embalo Lobão lança seu disco Cena de Cinema, tornando-se depois um dos mais ativos compositores do cenário do rock brasileiro, gravando seus discos Ronaldo foi pra Guerra, O Rock Errou e Vida Bandida.
Aparece então Eduardo Dusek com seu rock deboche de Cantando no Banheiro, no estilo rock anos 50. A banda João Penca & Seus Miquinhos Amestrados, segue a mesma fórmula de Dusek. Outro ex-integrante do Vímana, Lulu Santos, lança-se com o sucesso do seu disco Tempos Modernos. O Barão Vermelho decola com Cazuza no vocal em Pro dia Nascer Feliz. Até então todos estes novos ídolos vindos do Rio de Janeiro iriam dividir espaço com as novas bandas surgidas nos movimentos Punks de São Paulo como Inocentes, Ratos de Porão, Cólera e Olho Seco.
Como as grandes gravadoras tinham suas sedes no Rio de Janeiro, começaram a investir nas bandas de São Paulo a partir de 1983, como Titãs, Magazine, Ira!, Ultraje a Rigor. Vindos de Brasília, mas morando no Rio, os Paralamas do Sucesso, trazia suas influências do ska, reggae do trio britânico     Police, conseguindo emplacar vários sucessos como Meu Erro, Óculos, Vital e Sua Moto.

Em 1985, aconteceria um dos maiores festivais que marcaria história, o Rock In Rio Festival. Em um terreno na Barra da Tijuca (RJ) de 300 mil metros quadrados com uma estrutura gigantesca de palco com 70 mil watts de som, 100 toneladas de equipamentos, 3500 kVA e a presença de bandas internacionais de renome como Queen, Yes, Ozzy Osbourne, Iron Maiden, Scorpions, Rod Stewart e outros, ao lado de bandas nacionais: Blitz, Barão Vermelho, Lulu Santos, Paralamas do Sucesso e Kid Abelha. Tal evento seria aproveitado pelo mercado cultural, pois o Festival foi transmitido ao vivo pela Rede Globo de Televisão. Logo, a divulgação de produtos ao público jovem seria em massa. Afinal neste ano comemorava-se o ano internacional da juventude.
Rock in Rio 1985
No mesmo ano o Legião Urbana, grupo liderado por Renato Russo, do Distrito Federal, marcaria sua história também, com suas letras políticas mostrando a realidade social brasileira.

Outras importantes bandas que viriam de Brasília também seriam Capital Inicial, Plebe Rude, Finnis Africae e Detrito Federal. Em São Paulo durante a segunda década dos anos 80 chegariam os grupos Camisa de Vênus e RPM. E apareceria um novo tipo de mercado: o alternativo ou underground, que eram lançados pelo selo independente Baratos & Afins, cuja loja de discos existe até hoje no centro da cidade de São Paulo. Lançou artistas como Musak, Akira S & As Garotas que Erraram, Chance e Ness, Mercenárias, Smaack, Voluntários da Pátria e outros.
Do sul do país viriam os representantes do rock gaúcho Engenheiros do Hawai, Replicantes tocando punk-hardcore com a música Surfista Calhorda. O ano de 1986 foi um sucesso para as gravadoras devido à breve estabilidade econômica do Plano Cruzado. Venderam-se discos de bandas de rock como nunca. Contratavam qualquer banda com influências roqueiras. Outros que já vinham demonstrando saúde comercial em anos anteriores. Lançavam discos que viravam clássicos da MPB como Cabeça Dinossauro (Titãs), Que país é este (Legião Urbana), Selvagem (Paralamas do Sucesso) e no ano seguinte, Lobão com seu disco Vida Bandida, refletindo sua experiência após ter ficado preso na Polinter  do Rio de Janeiro por posse de drogas, e Ultraje a Rigor com o disco Sexo.
Legião Urbana

Ultraje a Rigor


Mas a partir de 1988, o Rock entraria em crise. O Legião Urbana vive um episódio fatídico em um de seus shows no Estádio Mané Garrincha em Brasília, quando um deficiente mental agrediu Renato Russo no palco e a polícia reagiu contra a platéia, deixando um saldo de 385 feridos. Após este incidente o baixista da banda, Negrete, abandona o grupo.
As gravadoras se mantinham pela venda dos discos lançados nos anos anteriores dos outros grupos. No dia 7 de julho de 1989 morria Cazuza, vítima do vírus da Aids. Alguns meses depois Raul Seixas, na pobreza e sem reconhecimento, também faleceria. Enfim o Rock encerrava mais uma fase. (Essinger: 1999). 

Geração MTV

Este último sub-capítulo, teve como referência o autor Silvio Essinger que segundo ele com a estréia da MTV no Brasil em 1990, o canal de vídeo clipes americano inunda as TVs brasileiras através de transmissão em UHF. A sua programação direcionava mais atenção aos artistas internacionais de língua inglesa. Junto com a MTV, o Plano Collor do Presidente do Brasil Fernando Collor de Melo, causa a redução industrial e comercial em todas as atividades. Este acontecimento histórico na vida dos brasileiros, que acreditaram na nova esperança política presidencial, não foi rejeitada pelos olhares atentos das novas bandas do começo dos anos 90, bandas com um gênero mais agressivo e pesado do punck-hardcore, como a Ratos de Porão, com o polêmico João Gordo no comando dos vocais usando um português irreconhecível.

Na linha do trash metal internacional, o Sepultura alcançaria seu sucesso no exterior, logo outras bandas tentariam o mesmo caminho sem muita repercussão.
Vindos de gênero bem mais leve o Skank, de Belo Horizonte, conseguiu espaço na mídia após gravar seu primeiro cd com a gravadora Sony – esta que se interessou pelo trabalho após reconhecer o retorno que a banda conseguia com seu disco independente em Minas Gerais a tal ponto que a gravadora não alterou nada do disco, estando nos moldes do gosto dos produtores – em 1992 gravam seu CD pela Sony.

De Recife surgiria uma das mais conceituadas inovações no Rock brasileiro, Chico Science & Nação Zumbi & Mundo Livre S/A. que misturavam o ritmo do maracatu com rock e o rap.
Assim nascia o movimento. Mangue Beat. A idéia do nome veio de um manifesto escrito por Fred 04 e Renato L – Caranguejo com Cérebro – em 1993 foram contratados pela Sony: Chico Science & Nação Zumbi. O Mundo Livre S/A assinou com o selo Banguela Discos dos Titãs. Desta maneira, abriram as portas para outros grupos do gênero como Mestre Ambrósio, Cascalho, Sheik Tosado e outros.


Chico Science & Nação Zumbi atingiram respeito e admiração da mídia e da crítica. Em 1995 fizeram uma turnê pela Europa tocando junto com os Paralamas do Sucesso. No ano seguinte lançaram o CD que virou clássico: Afrociberdélia, com a participação de Gilberto Gil na faixa Macô. E tiveram seu primeiro sucesso nacional com a música Maracatu Atômico dos compositores Jorge Mautner e Nelson Jacobina.
No dia 2 de dezembro de 1997, Chico Science morre num acidente de carro em Recife. Esta perda afetou de maneira emocional a banda e o movimento, que superando a tragédia, continua até hoje.

O gênero do Rap se fundiria cada vez mais com o Rock, com o aparecimento de Gabriel Pensador e suas letras inteligentes e bem humoradas. O Planet Hemp também apareceu no mesmo rastro, com Marcelo D2 e BNegão, fazendo polêmica sobre a liberação da maconha. E outra banda de Brasília com influências do punk-rock dos Ramones e o baião de duplo sentido – os Raimundos.
Mas o sucesso comercial dos anos 90 veio de Guarulhos, São Paulo, quebrando recordes de vendas chegando a mais de dois milhões de CDs vendidos. Os Mamonas Assassinas com o carismático vocalista Dinho, conquistaram o público brasileiro de maneira meteórica, pois em 2 de março de 1996, morreram em um acidente de avião na Serra da Cantareira, em São Paulo.

Oito meses depois o público brasileiro teria outra despedida: Renato Russo faleceria devido ao vírus da Aids. O mercado do rock consegue se manter com alguns veteranos da década passada como os Paralamas, Lulu Santos, Titãs, Kid Abelha, Barão Vermelho, Capital Inicial. Todos eles graças à nova fórmula desenvolvida pela indústria cultural, o Acústico MTV. E a volta do interesse pelos ritmos brasileiros com o Pop Rock ressurge com artistas da MPB também.  Foram eles: Paulinho Moska, Pedro Luís e a Parede, Lenine, Chico César e Zéca Baleiro. De Minas Gerais viriam mais dois representantes, Jota Quest e Pato Fu. Fazendo a fusão do Reggae, Funk, Rock e Hip- hop, temos os cariocas do Rappa.

No ano seguinte apareceriam novas bandas como o Charlie Brown Jr., com seu skate-rock e Los Hermanos com a balada romântica que tocou nas rádios intensamente: Ana Júlia. A partir desta data, Autoramas e Penélope seriam as mais novatas bandas no mercado do Rock. Enquanto isso Lobão se levantaria das cinzas lançando seu disco em bancas de jornal e na internet, com seu selo Universo Paralelo o álbum A Vida é Doce. (Essinger: 1999).

Século XXI: Banalização e falta de criatividade

No ano 2000 o cenário do Rock viria a conhecer bandas como o Tihuana lançando seu CD com o nome ilegal junto com a faixa Tropa de Elite. Lançando seu CD independente, temos a banda Leela. Vindos de Barueri em São Paulo, temos  o CPM 22 foi a banda de maior sucesso, naquele começo de século, do cenário roqueiro. Outra banda carioca foi os Detonautas em 2002. Sendo a primeira banda a gravar um vídeo clipe no celular.
Adimirável Chip Novo é o nome do álbum de lançamento de Pitty, cantora de rock pesado estreando no mercado musical brasileiro com influência que vão desde Raul Seixas a Heavy Metal. A baiana Pitty de é a líder do grupo, já com o segundo CD lançado em 2005 – Anacrônico.


Atualmente o Rock brasileiro vive certa estagnação, com repetições de várias fórmulas desgastadas de sucesso imediato que ainda trilham os modelos de exportação dos Estados Unidos e Inglaterra de comportamento juvenil, como por exemplo, o movimento Emo, derivado da palavra inglesa “emotion”, sem criatividade e bastante apelo visual. Um dos seus representantes marcaram bem as paradas de sucesso das rádios brasileiras é o NX Zero, evidenciando mais uma vez, como sempre, a manipulação dos produtores gananciosos das gravadoras, pouco interessada em qualidade musical, sustentando cada vez mais a distância da realidade musical popular brasileira de qualidade das grandes massas. 

Outras banda se destacaram bastante no rock brasileiro obtendo uma projeção internacional, como é o caso do Angra com seu heavy metal progressivo, embora cantando letras em inglês.

O Oficina G3 do mercado musical gospel se destaca bastante com sua pegada mais virtuosística dando bastante enfase a qualidade instrumental.


Até a próxima com mais novidades em meu blog.

Alê de Nina

Referências bibliograficas e de internet:
TINHORÃO, JOSÉ - A Historia Social da Música Popular Brasileira
ESSINGER, SILVIO. A História do Rock Brasileiro, 1955 a 2000, disponível em: <http://www.cliquemusic.com.br>.Acesso em: 31 mar. 2008.






quarta-feira, 17 de setembro de 2014

A História do Rock Brasileiro - Parte I

Para compreender a origem do Rock Brasileiro, devemos voltar às influências ocorridas nas rádios e cinemas brasileiros na década de 1940 durante a II Guerra Mundial e posteriormente a este fato histórico até o final da década de 1950.
A opinião de alguns autores sobre a política econômica dos EUA de ampliar o seu alcance de maneira global, mesmo antes do conflito armado mundial da década de 40, viu no cinema e no rádio um modo eficiente de exportar o estilo ideal de vida da classe média democrática americana para os demais países latinos americanos e europeus. Na América Latina, a indústria cultural americana produzia artistas do meio musical que tocavam ritmos latinos como rumba, mambo, bolero, chá-chá-chás, para conquistar os ouvintes dos países vizinhos, concorrendo diretamente com os músicos nativos desses países como: Perez Prado, Trio Los Panchos, Nora Morales, etc. A intenção logo recebeu o nome de Política da Boa Vizinhança com os países aliados dos EUA, pois afinal de contas, tratavas se de um assunto de segurança nacional e não só econômica dos norte-americanos, para a sobrevivência do seu estilo de vida. (Tinhorão:1998).


A partir de 1950, houve um crescimento na população dos Estados Unidos, recorde num período de 15 anos, trazendo junto um novo tipo de consumidor que seria o público jovem, até então desprezado para os olhares dos publicitários. Esse mercado emergente trouxe à tona, um novo fenômeno musical de identificação que foi o Rock´n Roll, de origem no Rhythm and Blues dos negros americanos. O Rock tinha os elementos necessários para uma nova geração que não se conformava como a hipocrisia conservadora do estilo ideal de vida dos lares de classe média. (Tinhorão:1998).


A batida forte e agitada com letras que falavam de rebeldia, sexo e romances platônicos, era o prato ideal à uma geração que queria ser ouvida naquele mundo à sombra da guerra fria.
 Conforme nos diz Essinger, no Brasil o fenômeno do Rock´n Roll surge em 1.955 com a música Rock Around the Clock de “Bill Halley and His Comets”. Conseqüentemente, acompanhando o embalo, Hollywood exportava o filme Sementes da Violência (Black Board Jungle) para as telas brasileiras. Definitivamente as rádios de todo o país começaram a tocar este novo estilo musical para a alegria das gravadoras americanas que viam seus investimentos crescerem nos dígitos bancários. Logo, os empresários brasileiros seguiram o mapa da mina, lançando a versão em português da música, tocada por Bill Halley and His Comets, chamado Ronda das Horas, cantada por Nora Ney pela gravadora Continental, abrindo as portas para as novas imitações de estilo americano como os grupos brasileiros Os Cometas, Louis Oliveira and Friends, Cauby Peixoto gravando o disco com o nome Rock and Roll em Copacabana, Celly e Tony Campello com o sucesso Estúpido Cúpido e Banho de Lua em 1958, e Sergio Murilo com a música Broto Legal, tornando-se assim, os novos ídolos tupiniquins da geração jovem. (Essinger:1999).

Nora Ney

Celly & Tony Campello


Este sucesso de assimilação do Rock pelos brasileiros, segundo Tinhorão, deve-se também a um dos fatores que contribuíram a este processo que foi, a imigração de famílias do interior dos estados do sudeste para as cidades grandes, como São Paulo e Rio de Janeiro. Os filhos destas famílias não tinham vínculo cultural das tradições do interior das cidades de origem de seus pais. O que facilitava o interesse pelo estilo de vida dos jovens de classe média, exportado pelos filmes americanos. Portanto a maioria dos jovens desejava viver como pessoas da cidade grande desenvolvida. (Tinhorão:1998).

Após o mundo conhecer os novos ídolos da década de 50 como Elvis Presley, Paul Anka, Neil Sedaka, Pat Boone e outros, o começo dos anos 60 viria trazer um novo ícone da música jovem mundial, na forma de quatro rapazes de Liverpool: o grupo inglês Beatles. Com influências de Chuck Berry e Mudy Walters, estes rapazes britânicos revolucionaram o conceito de ídolos, trazendo uma leva mundial de fãs a ouvirem suas músicas antológicas como  Shes Loves You, It´s a Hard Days Nigth,Twist and Shout, influenciando a nova geração de músicos no Brasil. Entre estes estaria Roberto Carlos e Erasmo Carlos. Mas antes de falarmos dos ídolos da Jovem Guarda, lembremo-nos do movimento promovido por outra dupla: Caetano Veloso e Gilberto Gil, com o Tropicalismo. Influenciados pelo rock dos Beatles e a bossa nova de João Gilberto, queriam resgatar a música brasileira, afastada das rádios pela invasão da música estrangeira e dar uma nova roupagem com características próprias, assim como a Bossa Nova revolucionou a MPB.

Assimilando as guitarras do Rock´n Roll, os tropicalistas queriam misturar os ritmos e tradições brasileiras aos novos conceitos de música moderna de 1960. Diferentes dos cantores da Jovem Guarda tinham uma posição altamente consciente dos fatores político-sociais que aconteciam no Brasil e no mundo. Era uma geração de jovens intelectualizados, formado por jornalistas, filósofos, políticos e artistas vindos dos movimentos estudantis como a UNE (União Nacional dos Estudantes).
Na Jovem Guarda se destacava o grande ídolo do movimento, o cantor Roberto Carlos ( heheheh...são tantas emoções bicho) com suas músicas que eram tentativas de reprodução do rock do Beatles, com letras simples, sem apelo político-social nenhum.
Esta aparição do ídolo da Jovem Guarda, caiu como uma luva para os interesses dos militares e da indústria, pois o novo ídolo trazia os estereótipos fabricados pela indústria cultural, para os jovens não contaminados pela influência comunista no país. A maior afirmação disto se deu no lançamento de seu quarto disco Roberto Carlos Canta para a Juventude.
E o maior público do cantor era em São Paulo, maior centro econômico do país, onde se situavam as indústrias internacionais.
A sorte dos militares não poderia estar melhor naquele momento, quando em 1965 a proibição da transmissão dos jogos de futebol direto dos estádios nas tardes de domingo, favoreceu o aparecimento de uma nova programação para preencher o espaço vazio nas tardes de domingo da televisão brasileira, o programa Jovem Guarda, apresentado por Roberto Carlos, destinado ao público jovem consumidor. (Tinhorão:1998).
 



A incorporação dos instrumentos elétricos característicos do rock americano, como a guitarra, o contra-baixo e teclados, na música jovem do final dos anos 60, favoreceu a indústria destes instrumentos e dos equipamentos eletrônicos de amplificação de som. Por este motivo, ficou fácil a assimilação da indústria, na adesão do Rock como fonte de lucros a partir de 1970. Graças à Jovem Guarda e aos Tropicalistas, o Rock´n Roll domina os meios de comunicação.
A partir de 1970, sem dúvida a banda que teve a maior contribuição para o rock brasileiro foi os Mutantes. É imprescindível falar do começo desta década e não citar este grupo que abriu as portas para muitos outros.
Apresentados ao público da televisão por Ronnie Von em seu programa na TV Redord, O Pequeno Mundo de Ronnie Von em 1967. O grupo formado por Arnaldo Baptista, Sérgio Baptista e Rita Lee, chamado de O’Seis, passa a se chamar  Os Mutantes, por sugestão de Ronnie Von. E posteriormente, no mesmo ano, são convidados por Gilberto Gil para gravarem a música Bom Dia, levando então a banda a tocar com Gil no III Festival da Canção da TV Record com a música Domingo no Parque conquistando o segundo lugar.  Mais tarde envolvem-se com os tropicalistas, como citado anteriormente, acompanhando Caetano Veloso e Gilberto Gil no polêmico festival de 1968. E neste mesmo ano lançam seu primeiro LP, Os Mutantes, influenciados pelos Beatles e com arranjos de Rogério Duprat, motivo pelo qual até hoje, o consideram criador do Tropicalismo. Chegaram a tocar também na França durante o mesmo ano.
Com muito mais pscicodelia, tocam no IV Festival da Canção de 1969 com a música Ando Meio Desligado e então começam a se afastar mais do Tropicalismo, indo abraçar definitivamente o rock. Chegam a gravar um disco em inglês na Europa, deixando-o na gaveta até ser lançado em 1999.
A Rede Globo em 1971 se interessa pelo grupo para apresentá-lo em seu programa Som Livre Exportação, mas desistem após alguns programas. No ano seguinte lançam outro disco Mutantes e Seus Cometas no País dos Baruets.
Sofrendo influência de grupos ingleses como Emerson, Lake & Palmer e Yes. Mas em 1972, Rita Lee deixa os Mutantes e parte para carreira solo no ano seguinte. Depois disso os Mutantes continuam sem Arnaldo Baptista após seu quadro agravar-se pelo uso demasiado de drogas. Em 1978 a banda termina em um show em Ribeirão Preto, São Paulo, para 200 pessoas.

Os Mutantes

Outra figura importante deste período, que não devemos deixar de citar, é Raul Seixas, que trazia influências de Elvis Presley , Luís Gonzaga e do esoterismo também, gravando músicas com o parceiro Paulo Coelho, como Gita, Ouro de Tolo, Metamorfose Ambulante e Maluco Beleza.
Festival de Águas Claras 1975

Muitas outras bandas também se destacaram como Secos & Molhados e Os Novos Baianos explorando cada vez mais as idéias de fusão da Tropicália. Outras bandas de som mais pesado como Made in Brazil, Patrulha do Espaço, Bicho da Seda, A Bolha e outras mais para o Rock Progressivo, como O Terço, Vímana, Som Imaginário que tinham também as influências rurais de Sá, Rodrix & Guarabira e do Joelho de Porco com o seu pré-Punk Rock.

Esta fase rica do rock brasileiro teve os seus dias contados com a chegada do novo fenômeno mercadológico – a Discoteca - em 1977, junto com o filme de Hollywood Os Embalos de Sábado a Noite.

Este texto é uma pequena copilação de alguns trechos do meu trabalho de conclusão de curso de 2008 na Faculdade Mozarteum de São Paulo.

Referências bibliograficas e de internet:
TINHORÃO, JOSÉ - A Historia Social da Música Popular Brasileira
ESSINGER, SILVIO. A História do Rock Brasileiro, 1955 a 2000, disponível em: <http://www.cliquemusic.com.br>.Acesso em: 31 mar. 2008.

Até a próxima com a continuação desta história na Parte II.

Alê de Nina

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Como escolher a primeira Bateria????

Darei aqui algumas dicas de como fazer para escolher a sua primeira bateria. Antes de tudo é fundamental saber para o quê, ou para quem é o instrumento que será comprado, pois uma bateria para um jovem de 15 anos de idade, não é a mais adequada para uma criancinha de 5 ou 4 anos de idade. Já sei, aí você vai dizer que aquele garotinho japonesinho de 3 anos de idade aparece num vídeo do Youtube tocando bateria de adulto muito bem! Mas calma, existem vários níveis de desenvolvimento musical, de repente este garotinho poderia tocar melhor se usa-se  um kit adequado ao tamanho dele. Outras coisas a serem avaliadas para a compra seria, qual o estilo, gênero musical que você quer tocar com sua bateria. Feito isso, já é um bom passo para começar a definir o kit inicial.


O mercado hoje em dia oferece uma quantidade enorme de marcas e modelos com preços bem baixos e também preços muito altos. Claro que, uma bateria top profissional em média custa $ 10 mil Reais, mas se você quer começar com um kit básico econômico, pode-se gastar uma média de $ 1000 a $ 2000 Reais, para ter um instrumento bom para o seu início de estudos. Não adianta também pagar uma mixaria por um instrumento que só vai apresentar problemas depois. Lembre-se, o barato pode sair caro? Pois é.
Eu particularmente comecei com um kit bem simples de bumbo, caixa, um tom, um surdo, um prato de condução, graças ao meu irmão que tinha comprado esta bateria já de terceira mão. Mas a época era bem diferente de agora em termos de facilidades e oportunidades de escolha de instrumentos, isso em 1986. Faz um tempinho já, heheheh.........

Sou eu mesmo

Agora vejamos:

Se a sua intenção for comprar uma bateria só para ter como hobby, pra tocar de vez em quando com os amigos de fim de semana, então um investimento muito alto às vezes pode sair muito caro. Isso não significa que você não pode comprar o melhor instrumento que tem no mercado, mesmo que isto custe muito dinheiro, afinal, cada um sabe o quanto tem e o quanto pode gastar. Certo?
Bom, na minha opinião, para quem quer somente tirar uma onda, ou quer dar de presente para o filho de aniversário, só pra ver se ele se interessa mesmo, comece com um kit básico como todo mundo usa que é uma caixa, dois tons, um surdo, um bumbo, um chimbal (hi-hat), um prato de ataque (crash) e um prato de condução (Ride). Além de ter boas ferragens que garantam pelo menos uns cinco anos de uso. E não se esqueça do banquinho.


















Estilo Musical

Se você é do tipo que gosta de tocar um som pesado, com bastante volume, guitarras distorcidas, som de contrabaixo vibrando as paredes, sugiro uma batera bem reforçada com um madeiramento adequado para este tipo de música, do tipo poplar, basswood, pinho (para as mais populares), ou até mesmo o maple que é bem resistente. Pense também em tambores com cascos mais grossos que favorecem menos sustain e sons mais para o médio-grave. Ferragens bem resistentes ajudam bastante também.
Agora se o seu estilo é mais para tocar um samba bossa nova, gosta de tocar um jazz tradicional, um pop mais tranquilo, sem ter que descer a mão, aí então baterias com cascos mais finos caem bem, oferecendo um bom sustain, projeção, definição nos agudos, além também de serem mais fáceis de carregar.
Mas lembre-se, tipos de cascos podem variar de gosto para qualquer um. Talvez você goste de usar um bumbo com um casco mais pesadão, pra tocar um pop-rock com boa projeção de graves, ou tons e surdos de frequências de mais médios e graves. Gosto é uma questão pessoal. Se soa bem e isso te faz feliz, então beleza.
Mas se a intenção é ter um instrumento como vocação profissional, aí o negócio tem que ser mais bem pensado. A princípio um kit básico e posteriormente investindo num de melhor qualidade que seja não só resistente, mas que tenha um excelente som para aquele gênero musical que você gosta de tocar. Pois ele será a sua ferramenta de trabalho no futuro.



E os pratos?

Sobre eles existem várias marcas e modelos, para diversas finalidades e estilos sonoros e também é claro, de diversos preços e eles podem ser de bronze, cobre e até latão. Lembro-me que já tive um aluno há muito tempo que adorava um prato crash que era feito do latão mais sem vergonha que tinha, e que pra mim servia apenas como suporte de samambaia, mas ele adorava, enfim.......gosto é gosto.
E eles podem ser de liga B20, B10, B8, ou seja, um prato B20 tem 20% de bronze, alguns até com um pouquinho de prata, e o restante do prato é cobre, ou cobre com latão. E os de B10, B8 seguem a mesma proporção, 10% de bronze para os B10 e 8% de bronze para os B8.
Os mais usados e comuns são os de condução (ride), os de ataque(crash),chimbal (hi-hat), splash, china type. Estes pratos podem ser de diversos tamanhos, pesos e espessuras, cada um com um tipo de sonoridade específica.











Baterias Eletrônicas

Dizem que surgiram nos anos 70 do século passado e apareceram como alternativa para novas experiências musicais, juntamente com os sintetizadores da época. Estas baterias se caracterizam pelo uso de pads de borracha ou até mesmo peles de ataque presas a aros de pequeno diâmetro. Acompanham um módulo de banco de dados de timbres, onde se tem muitas combinações sonoras e percussivas, e além de ser uma boa opção para quem mora em apartamento, ou tem que ter um controle maior de volume, pois basta ligar em uma caixa de som amplificada para se ter o controle do volume e podendo também usar um fone de ouvido. Mas o apelo visual das eletrônicas ainda não se comparam as baterias acústicas, por outro lado hoje em dia muitos músicos tem explorado a combinação dos dois tipos em variados sets de bateria buscando novas ideias de timbres.
As baterias eletrônicas com maior simulação das acústicas são as mais profissionais e mais caras também.



Bom, é isso aí pessoal. Até a próxima com mais assuntos sobre bateria, música e informação.

Alê de Nina