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sexta-feira, 17 de abril de 2015

Papo de Baterista - Os 40 rudimentos


O tambor teve na sua origem milenar, também usado como instrumento de exércitos em campos de batalha, a função de dar ritmo as marchas das tropas e sinais auditivos para que as mesmas se movimentassem de forma ordenada sem se perderem em meio ao caos de um campo de batalha. Para tanto, foi se convencionando batidas específicas que transmitiam esta intenção. Provavelmente cada exército correspondente a sua civilização, mantinha os seus padrões de toques no tambor, ou especificamente, os seus rudimentos fundamentais.



Pois bem, provavelmente você já deve ter assistido algum filme épico onde os soldados marchavam para o campo de batalha ao som de tambores marcantes, como por exemplo, Moisés, Cleópatra, Coração Valente, Gladiador, enfim, muitos retratam o comportamento das antigas civilizações ao longo da história.
Foram os suíços em 1386 a documentar o uso de tambores e pífaros em campanhas militares.
Em 1812 foi publicado o manual de percussão de autoria de  Charles Stewart Ashworth “A New, Useful and Complete System of Drum-Beating” usando pela primeira vez o termo rudimento.
Jonh Philip Sousa que era da marinha dos EUA escreveu o livro que foi referência para muitos percussionista até a virada do próximo século “A Book of Instruction for the Field-Trumpet and Drum.” de 1880.
E com o advento da bateria como instrumento musical, foram surgindo novos materiais de estudo para este instrumento, aumentando assim o interesse das fábricas como a Ludwig Drum Company publicando o livro de Sanford Moeller o famoso "The Moeller Book" em 1918.


Por aí você já percebe que o negócio começou a ficar mais sério, porque conforme aumentava a procura pelo instrumento, por orquestras, grupos pequenos, a indústria do entretenimento foi assimilando o que se produzia de material artístico e atraindo aqueles que desejavam investir em cultura, tanto no editorial como na fabricação de instrumentos. Ou seja, uma coisa foi levando a outra. Assim que se promove o mercado musical.
Logo depois em 1932 é criada a National Association of Rudimental Drummers ou NARD que permaneceu na ativa até 1978 e a Percussive Arts Society passou a ser o órgão encarregado pelos rudimentos de percussão.

Então vamos lá. Os 40 rudimentos são divididos em quatro famílias: I- Roll Rudiments que incluem os Single Strokes Roll , Bounce Roll e Double Strokes Roll ; II - Diddle Rudiments ; III - Flam Rudiments ; IV - Drag Rudiments.



A intenção de criar esses grupos de rudimentos foi para padronizar uma sequência de movimentos de estudos para as mãos favorecendo o desenvolvimento técnico e musical do praticante. Com certeza existem muitas possibilidades de organizar os grupos rítimicos, agrupando-os em mistos ou híbridos. Mas o fundamental, ou melhor, os rudimentos básicos estão catalogados desta maneira.




Bons estudos.



domingo, 8 de março de 2015

Mulheres Bateristas

É engraçado, mas por incrível que pareça, ainda tem muita gente que pensa que mulheres não tocam bateria, pois consideram ser um instrumento somente para homens, exigindo muita força física para tocar a bateria. E não conseguem conceber uma mulher assumindo a posição atrás dos tambores em um palco.
Ledo engano. Desde praticamente os primórdios da criação deste instrumento, muitas mulheres tocaram e ainda continuam mantendo essa posição na música. Um belo exemplo de pioneirismo feminino na bateria é Viola Smith, uma baterista americana que começou sua carreira no início da década de 1920 junto com suas irmãs na orquestra irmãs Schimidt, onde seu pai era o fundador e empresário da orquestra.
Conhecida como a mulher Gene Krupa, em referência ao grande baterista que influenciou gerações de bateristas pelo mundo. Viola tocou em programas de rádio, participou de um filme de Abbott & Costtelo, nos anos 60 em Cabaret, uma produção cinematográfica e participando de algumas canjas com Bille Holliday. Nascida em 29/11/ 1912 ainda viva com quase 103 anos!!! Tocar bateria ajuda a viver mais, hehehe.

Viola Smith



Outro belo exemplo de mulher tocando bateria é a grande professora e instrumentista Lilian Carmona, brasileira que começou a tocar este instrumento em 1965 aos 11 anos de idade ganhando sua primeira bateria dos seus pais.
Uma grande carreira com instrumentista e professora. Estudou na conceituada Berklee College of Music de Boston, Massachusetts, EUA. Tocou com grandes nomes da música como Baden Powel, Phil Wilson, Leny Andrade, Toquinho, Nana Cayme, Jane Duboc, Nara Leão, Gal Costa, na Orquestra Jazz Sinfônica e muito mais.
Dona de uma técnica primorosa ensinou muitos bateristas do Brasil, inclusive este que escreve estas linhas num curso de leitura rítmica avançada e coordenação motora.
Em 2011 formou a sua Big Band com 10 músicos que chegou a gravar um especial para a TV Sesc.
Uma de suas frases é " a técnica sempre a favor da música e nunca ao contrário ".


Não poderia deixar de fala de outro grande ícone de bateria pilotada por uma mulher como Vera Figueiredo. Começou estudando piano aos 8 anos de idade no Conservatório Musical Santa Cecília
em São Paulo e aos 16 anos iniciou seus estudos na bateria com Rubens Barsoti ( Zimbo Trio) na escola CLAM ( Centro Livre de Aprendizagem Musical ) e depois percussão erudita na Escola Municipal de Música de São Paulo. Referência agora no mercado musical, Vera continua desenvolvendo seus trabalhos e parcerias a todo vapor hoje em dia em deversos festivais de música, baterista principal do programa Altas Horas de Serginho Groisman, do do Instituto de Bateira Vera Figueiredo (IBVF) em 1990, Batuka! Brasil International Drum Fest, lançou seu tereceiro álbum Vera Cruz Island como instrumentista e compositora, lançou uma série de vídeo aulas sobre Ritmos Afro-Brasileiros & Afro-Cubanos, e os 40 Rudimentos, isso e muito mais. Hoje em dia participa também como colaboradora de revista Modern Drummer Brasil.

Vera Figueiredo

Além destas grandes bateristas, temos também outras heroínas das baquetas que atuam continuamente no cenário musical nacional e internacional. Talvez uma de minhas preferidas é Emmanuelle Caplette canadense dona de uma técnica incrível, carisma e bom humor ao tocar este incrível instrumento, onde desde de maio de 2013 acompanha o ex-guitarrista do The Police, Andy Summers na banda Circa Zero.
No Youtube há vários vídeos com suas performances, vale a pena dar uma olhada.


Aqui no Brasil muitas mulheres tem se destacado bastante no cenário musical na bateria, praticamente o mito de que mulher não toca bateria vêm desaparecendo cada vez mais, o que é uma coisa óbvia. Bateristas como Lucy Peart, Nina Pará, Lary Durante, Julie Sousa e muito mais.
Particularmente já tive muitas alunas de bateria ao longo desses vinte e cinco anos como professor de bateria e é sempre muito gratificante ver uma mulher se interessar pelo universo baterístico e se destacar tanto quanto qualquer marmanjo na bateria.

Até a próxima postagem!